(para refletir)
Disse Nietzsche: "Será necessário reconhecer um dia, e talvez logo, o que falta a nossas grandes cidades: locais silenciosos, espaçosos, amplos para a meditação, providos de altas e longas galerias para o mau tempo e o tempo muito ensolarado, onde o rumor das viaturas e os gritos dos comerciantes não penetrem, onde uma sutil conveniência proíba, mesmo ao padre, a oração em voz alta: edifícios e passeios que exprimam por seu conjunto tudo o que a meditação e o afastamento do mundo têm de sublime.
Passou o tempo em que a igreja possuía o monopólio da reflexão, em que a
vida contemplativa era antes de tudo vida religiosa: tudo o que a igreja construiu exprime essa ideia. Não vejo como poderíamos nos contentar com seus edifícios, mesmo se perdessem sua finalidade eclesiástica: os edifícios da igreja falam uma linguagem excessivamente patética e muito restrita, são demasiadamente casas de Deus e lugares de aparato das relações supraterrestres para que nós, ímpios, possamos nelas meditar
nossos pensamentos.
Seria necessário que nós mesmos fôssemos traduzidos em pedras e em plantas para passear
em nós mesmo, quando passeássemos nessas galerias e nesses jardins."